Aberturas, Prelúdios & Interlúdios — Parte I
Variedade e entretenimento musical! Aberturas, prelúdios e interlúdios de famosas óperas e operetas em série especial de 3 edições. Nesta primeira parte: Lohengrin (Wagner), O Morcego (Strauss II), A Pega Ladra (Rossini), O Franco Atirador (Weber) e Orfeu no Inferno (Offenbach). Filarmônica de Berlim, regida pelos maestros Klaus Tennstedt e Herbert von Karajan. Cooperação: Embaixada da Áustria e Embaixada da Alemanha, no Brasil.
Nesta nota você tem acesso à playlist completa, excertos do roteiro e links para baixar os arquivos de áudio. Esta edição foi transmitida nos dias 28 e 29 de novembro de 2020, às 7h30 e às 22h, respectivamente, na Rádio Câmara FM 96,9, com apresentação de Ana Lucia Andrade.
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Playlist
Lohengrin (Wagner)
Berliner Philharmoniker
Klaus Tennstedt (regente)
Die Fledermaus (Strauss II)
Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan (regente)
La Gazza Ladra (Rossini)
Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan (regente)
Der Freischütz (Weber)
Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan (regente)
Orphée aux Enfers (Offenbach)
Berliner Philharmoniker
Herbert von Karajan (regente)
Roteiro (excertos)
Antuérpia, primeira metade do século X. Condes, nobres, damas de honra, pajens e cavaleiros. Os húngaros invadem a Alemanha. É o início de uma elaborada trama, que transborda em detalhes para contextualizar uma conspiração e disputa pela soberania de um ducado, com requintes de feitiçaria e, ao final, poderes sobrenaturais do Santo Graal. Em 3 atos, música e libreto de Wagner, Lohengrin estreava na Ópera de Weimar, 1850.
Peça orquestral que inicia uma obra longa, como a ópera e a opereta, a abertura também pode ser composta para concerto, tal como a popular Abertura 1812, de Tchaikovsky. Ao longo da história da música ocidental surgiram aberturas de padrão específico, seja para a ópera, bailado, suíte ou oratório, como a Abertura Francesa do século XVII, com início lento que pode retornar ao final de uma segunda seção rápida; e a Abertura Italiana do final do séc. XVII/séc. XVIII, com movimentos rápido/lento/rápido. O padrão para a abertura operística na transição dos séculos XVIII/XIX era um começo lento e um movimento rápido.
Depois da ópera Tannhäuser, de Wagner, 1845, prelúdios mais curtos foram substituindo as aberturas independentes para óperas dramáticas. Dramática, não fosse cômica, é a história da única opereta passada em Viena composta pelo austríaco do período romântico Johann Strauss II. Die Fledermaus, O Morcego, é autêntica obra-prima da opereta vienense. Com admirável riqueza melódica, uma valsa das mais conhecidas e um enredo repleto de artimanhas e desfaçatez, a obra em 3 atos, com libreto de Karl Haffner e Richard Genée, foi inspirada no vaudeville Le Réveillon, de Henri Meilhac e Ludovic Halévy.
A estreia foi em Viena, 1874, com regência do próprio compositor. Strauss compôs O Morcego em apenas 6 semanas, dizem, para abrandar os efeitos da Segunda-Feira Negra da quebra do mercado de 1873. Pouco depois, entrou para o repertório internacional e era produzida pelos grandes teatros mundo afora. Inúmeras vezes adaptada para o cinema e para a TV, a opereta é uma divertida confusão, com direito a baile de máscaras do excêntrico jovem, rico e russo Príncipe Orlofsky, que só vendo para entender o desfecho na prisão. Tudo começa num baile anterior e um bêbado abandonado trajado de morcego.
La Gazza Ladra, A Pega Ladra, é uma ópera em 2 atos, de Gioacchino Rossini, grande compositor italiano do período romântico. Com libreto de Gherardini, baseado em d’Aubigny e Caigniez, o cenário é uma aldeia nos arredores de Paris. Por lá, o filho de um rico fazendeiro, Gianetto, é aguardado no pós-guerra. Tudo vai bem até que a mãe do soldado pergunta à pega com quem ele vai casar e a ave europeia responde que é com a criada, Ninetta. A mãe desaprova a união. A partir daí, uma série de acusações recai sobre a pobre moça e seu destino quase tem fim no cadafalso, condenada pelas coisas que desaparecem.
No final da história, em meio ao drama do pai, desertor, e do prefeito por ela cheio de segundas intenções, tudo acaba bem quando a pega é descoberta como a verdadeira ladra de tudo aquilo que some. A estreia da ópera foi no La Scala, de Milão, 1817. Foi um dos maiores sucessos da carreira de Rossini. O escritor francês Sthendal, estava lá e descreveu aquela noite como a estreia mais triunfal a que esteve presente. A abertura é um dos pontos mais altos da ópera que tanto agradou e que também foi parar nas telas do cinema e da TV, nas ondas do rádio e nas bandas de rock.
Da aldeia de La Gazza Ladra, de Rossini, para a Boêmia do século XVII de O Franco Atirador, de Carl Maria von Weber, alemão do período romântico. Ópera em 3 atos, com libreto de Friedrich Kind baseado numa série de histórias de fantasmas, O Franco Atirador foi o marco da ópera romântica alemã, com estreia em Berlim, 1821. A obra é o que se chama de singspiel. Em linhas gerais, a ópera que alterna canto e declamações.
Era a primeira vez que um compositor deliberadamente utilizava melodias inteiras da ópera na abertura. A estrutura dessa abertura muito se assemelha à abertura da ópera Tannhäuser, de Wagner, discípulo de Weber. A oposição Dó Maior/Dó Menor opõe luz e escuridão na trama que se passa entre o frescor da floresta da Boêmia e a magia negra do Vale do Lobo. História de amor, torneio de tiro e alma vendida ao diabo.
Imagine um pastiche da mitologia grega em pleno século XIX. Junte-se a isso uma crítica à sociedade francesa com pitada satírica e uma caricatura debochada do amor de Orfeu e Eurídice, que neste caso têm, cada qual, o seu amante. Misture tudo e divirta-se muito com Orfeu no Inferno, de Jacques Offenbach, francês do período romântico. Opereta em 2 atos, mais tarde ampliada para 4 atos, sobre libreto de Hector Crémieux e Halévy. A estreia foi na França, 1858.
Embora alvo do deboche caricatural, Napoleão III lançou elogios ao compositor. À época, Offenbach passava por dificuldades financeiras na direção dos Bouffes-Parisiens e não exitou em levantar fundos com um sucesso de escândalo. Mesmo acusado por blasfêmia e zombaria. Sobre a música de Gluck, inclusive. Foi quando passou por novas dificuldades financeiras que resolveu acrescentar bailado e transformações à obra bufa e ampliar a peça.
Para a estreia em Viena, a abertura composta por Offenbach (introdução, minueto e um pequeno cânone) ganhou solo de violino e trecho do conhecidíssimo can-can do compositor, acrescentados por Carl Binder. Plutão, deus do inferno e amante de Eurídice, a leva para o Mundo Subterrâneo. Somente a força da Opinião Pública é capaz de obrigar Orfeu a trazê-la de volta. Tudo acaba no can-can do Galope Infernal.
Nos séculos XIX e XX, a opereta passou a designar a ópera ligeira com diálogos e danças, que evoluiu da ópera cômica e que deu lugar à comédia musical. Antes disso, nos séculos XVII e XVIII era a variedade de obras mais curtas e consideradas menos ambiciosas que as óperas. Singspiel, a peça musical alemã, se fundiu à opereta e vaudeville, gênero francês de entretenimento teatral, antecedeu os espetáculos de variedades e foi o precursor da moderna comédia musical.
Na próxima edição, interlúdios, mais prelúdios e aberturas, num passeio pela magia da música erudita!
Pauta Musical, um passeio pela magia da música erudita! Uma produção da Musicabile em parceria com a Rádio Câmara — Brasília, Governo Federal. Este projeto é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, transmitido pela rede legislativa e rádios parceiras em todo o Brasil. Direção e apresentação: Ana Lucia Andrade. Trabalhos técnicos: Ricardo Coelho. Cooperação: Embaixada da Áustria e Embaixada da Alemanha, no Brasil. Acompanhe, curta e compartilhe! Envie comentários e sugestões pela página oficial da Rádio e página oficial do programa no Facebook. Para ouvir novamente, ou ao vivo pela internet, acesse: radio.camara.leg.br