Dvořák in Concert II
Série especial em cinco edições do programa Pauta Musical, com notas do musicólogo David R. Beveridge sobre célebres concertos orquestrais de Antonín Dvořák. Nesta edição, os solistas Václav Hudeček e Josef Suk, Filarmônica Tcheca regida por Jiří Bělohlávek e Václav Neumann, interpretam um inspirado romance e um encomendado concerto para violino. Cooperação: Embaixada da República Tcheca, no Brasil.
Nesta nota você tem acesso à playlist completa e excertos do roteiro. Esta edição foi transmitida nos dias 22 e 23 de abril de 2023, às 7h30 e às 22h, respectivamente, na Rádio Câmara FM 96,9, com apresentação de Ana Lucia Andrade. Para ouvir o programa em streaming clique AQUI.
Playlist
Romance em Fá Menor para Violino e Orquestra Op. 11 (Dvořák)
Václav Hudeček (violino)
Orquestra Filarmônica Tcheca
Jiří Bělohlávek (regente)
Concerto em Lá Menor para Violino e Orquestra Op. 53 (Dvořák)
Josef Suk (violino)
Orquestra Filarmônica Tcheca
Václav Neumann (regente)
Roteiro (excertos)
Outubro, 1873. Dvořák completa o String Quartet n.5 Op.9 em fá menor. No geral, uma obra insatisfatória que, tanto quanto sabemos, ele nunca ouviu em concerto, mas que inclui algum material muito atraente que ele “reciclou” em outro lugar. Acima de tudo, usou o lírico tema principal de seu segundo movimento (Andante con moto) como a melodia principal de seu Romance para Violino e Orquestra, quem sabe, talvez pensando nos dois belos exemplares desse gênero criados por L.v. Beethoven. Conforme o musicólogo americano David R. Beveridge, autor de abrangente estudo da vida e obra de Dvořák, a data da composição deste Romance é incerta, visto que seu autógrafo não foi datado e que a primeira apresentação conhecida não se deu até dezembro de 1877, quatro anos após a conclusão do quarteto. De toda forma, conclui Beveridge, o balanço das evidências sugere que foi escrito não muito depois da obra “mãe”. De acordo com Jarmil Burghauser, compositor, maestro e musicólogo tcheco do século XX, a maior autoridade mundial na música de Dvořák e catalogador de suas obras, tanto a configuração para violino & piano, quanto a configuração para violino & orquestra foram compostas no mesmo ano do quarteto de cordas e então revisadas quatro anos mais tarde, para a estreia. Do Romance para Violino e Orquestra, Beveridge acentua as calorosas emoções do compositor ao passar de um terno anseio em Fá menor para o brilhante Fá maior no final, o que teria sido um adequado presente para sua noiva na ocasião de seu casamento em novembro daquele 1873. Impõe dizer, que desde sua estreia, esta pequena e bela joia permanece basilar no repertório violinístico.
Há convites dos quais não se declina e encomendas as quais não se recusa. “Você gostaria de escrever para mim um concerto para violino, realmente original, rico em cantilena e para bons violinistas?”. Proposta de Simrock, editor de Dvořák, feita em 1879. O genial compositor deu ao editor exatamente o esperado, produzindo um Concerto para Violino em Lá Menor, obra em grande escala, da angústia à alegria, exaltada em todos os seus humores. Dvořák tinha em mente o fenomenal violinista húngaro Joseph Joachim, que por sua vez era um forte defensor de sua música de câmara para cordas. E Joachim, assim como havia colaborado no caso do famoso concerto para violino de Brahms, percorreu a partitura por mais de uma vez pessoalmente com Dvořák, dando-lhe copiosos conselhos. Este concerto é incomum na forma em que o primeiro movimento termina, “prematuramente”, mas naturalmente, segundo Beveridge, quando sua dramática paixão desmorona, exausta na recapitulação, e Dvořák nos conduz pela mão, através de uma mágica transição, para outro mundo.
Depois de esboçar a peça e completá-la em grande parte durante uma visita no norte da Boêmia, julho de 1879, Dvořák revisou drasticamente o seu concerto para violino na primavera de 1880, atendendo assertiva recomendação de Joachim, mantendo os temas originais (como escreveu a Simrock), mas mudando toda a sua concepção. No final de 1882, fez mais alterações, principalmente relacionadas à parte solo e à orquestração.
Observando condições e padrões da época, estudiosos notaram quase setenta execuções do concerto para violino de Dvořák até o final daquele século XIX. E ele continua a ocupar um firme lugar no repertório de concertos até hoje. No último movimento, um animado finale com ritmo de furiant — dança rápida e agitada do folclore tcheco, da Boêmia. Tropeçando levemente aqui, pisando forte ali, somos conduzidos à jubilosa conclusão.
Surpreendentemente, o homenageado do concerto — Joachim — nunca o executou em público. Ao que parece, meramente por motivos de vida pessoal conjugados à sua carreira artística. Noticia Beveridge não ter encontrado evidência alguma de eventual insatisfação de Joachim com a peça musical em sua forma final, ou de qualquer ruptura em suas relações com Dvořák. Em todo caso, o concerto não teve problemas em percorrer o mundo sem ele, a começar pelo virtuoso tcheco František Ondříček, solista da estreia em Praga, outubro de 1883, depois por diversos outros violinistas por toda a Europa e América, incluindo Henri Marteau, um dos maiores da época.
Pauta Musical, um passeio pela magia da música erudita! Uma produção da Musicabile em parceria com a Rádio Câmara — Brasília, Governo Federal. Este projeto é realizado com recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal, transmitido pela rede legislativa e rádios parceiras em todo o Brasil. Direção e apresentação: Ana Lucia Andrade. Trabalhos técnicos: Ricardo Coelho. Cooperação: Embaixada da República Tcheca, no Brasil. Acompanhe, curta e compartilhe! Envie comentários e sugestões pela página oficial da Rádio e página oficial do programa no Facebook. Para ouvir novamente, ou ao vivo pela internet, acesse: radio.camara.leg.br